A União Soviética teve um papel fundamental e decisivo na Segunda
Guerra Mundial, tanto no início do conflito quanto em sua resolução.
Inicialmente, em 1939, a URSS assinou com a Alemanha Nazista o
Pacto Molotov-Ribbentrop, um acordo de não agressão que incluía
cláusulas secretas para a divisão da Polônia e de outras áreas do Leste
Europeu. Essa aliança temporária permitiu que Hitler invadisse a
Polônia pelo oeste, enquanto os soviéticos avançavam pelo leste,
marcando o início da guerra.
No entanto, em junho de 1941, Hitler quebrou o pacto ao lançar a
Operação Barbarossa — uma massiva invasão da União Soviética. A
partir daí, a URSS passou a integrar os Aliados e se tornou um dos
principais protagonistas do conflito contra o Eixo. A guerra na Frente
Oriental foi brutal e marcada por batalhas sangrentas e destruição em
larga escala.
A Batalha de Stalingrado (1942–1943) foi um dos pontos de virada da
guerra. A vitória soviética ali não apenas enfraqueceu o exército alemão
como também impulsionou o avanço do Exército Vermelho rumo à
Europa Central e Oriental. A partir de 1944, com a Ofensiva da
Bielorrússia e outras campanhas, os soviéticos começaram a libertar
diversos países do domínio nazista, culminando na tomada de Berlim
em maio de 1945.
Estima-se que cerca de 27 milhões de soviéticos tenham morrido
durante a guerra, entre militares e civis — um número que destaca o
enorme sacrifício humano envolvido. A contribuição soviética foi
essencial para o colapso do Terceiro Reich, tornando a URSS uma das
superpotências no cenário geopolítico do pós-guerra.
Além da importância militar, a atuação da União Soviética influenciou
profundamente o redesenho das fronteiras da Europa e o início da
Guerra Fria. Ao final do conflito, a URSS estabeleceu sua influência
sobre o Leste Europeu, moldando a divisão ideológica do mundo nas
décadas seguintes.
A Batalha de Stalingrado (1942–1943)
A Batalha de Stalingrado foi travada entre as forças da Alemanha
Nazista e o Exército Vermelho da União Soviética entre agosto de 1942
e fevereiro de 1943. Localizada às margens do rio Volga, a cidade de
Stalingrado (atual Volgogrado) era um importante centro industrial e
estratégico no sul da URSS, além de ter grande valor simbólico por
levar o nome de Stalin.
Hitler via a conquista de Stalingrado como um passo fundamental para
garantir o controle do sul da Rússia e avançar em direção aos campos
de petróleo do Cáucaso. Além disso, tomá-la seria uma grande vitória
de prestígio. Assim, ele ordenou que a 6ª tropa alemã, sob o comando
do general Friedrich Paulus, tomasse a cidade a qualquer custo.
A batalha começou com intensos bombardeios aéreos alemães, que
destruíram grande parte da cidade. Em seguida, as tropas nazistas
avançaram pelas ruínas em combates urbanos extremamente violentos,
muitas vezes de casa em casa e até corpo a corpo. Os soviéticos, sob o
comando do general Gueorgui Jukov, adotaram uma estratégia de
resistência feroz e desgaste.
A virada ocorreu em novembro de 1942, quando os soviéticos lançaram
a Operação Urano: um contra-ataque massivo que cercou mais de 300
mil soldados do Eixo dentro da cidade. Apesar das ordens de Hitler para
resistir até o fim, o cerco causou fome, frio extremo e desespero entre
os alemães. Em 2 de fevereiro de 1943, o general Paulus se rendeu,
marcando o fim da batalha.
Consequências:
Altas perdas humanas: estima-se que mais de 2 milhões de pessoas
(entre soldados e civis de ambos os lados) tenham morrido ou ficado
feridas, o que faz de Stalingrado uma das batalhas mais sangrentas da
história.
Virada estratégica:
Foi o começo do recuo alemão na Frente Oriental. A
partir dali, os soviéticos passaram a avançar até a vitória final em
Berlim.
Impacto psicológico: a derrota abateu o moral dos alemães e fortaleceu
o espírito de resistência soviético. A batalha se tornou um símbolo da
determinação do povo soviético.
A Vitória Soviética e a Memória Cultural da Guerra
Apesar de hoje a cultura popular — especialmente a produzida por
Hollywood — destacar os Estados Unidos como os grandes vencedores
da Segunda Guerra Mundial, historicamente a União Soviética foi
considerada a principal responsável pela derrota da Alemanha Nazista.
O peso da participação soviética é indiscutível: foi na Frente Oriental
que ocorreram as maiores batalhas, como Stalingrado e Kursk, e onde o
exército de Hitler sofreu cerca de 80% de suas perdas. O avanço do
Exército Vermelho até Berlim, em 1945, foi decisivo para o fim da guerra
na Europa. No entanto, após o conflito, a Guerra Fria e o domínio da
produção cultural ocidental acabaram por minimizar o papel soviético na
narrativa global. Filmes, livros e séries frequentemente colocaram os
Estados Unidos como protagonistas, enquanto o enorme sacrifício e a
contribuição da URSS foram, muitas vezes, deixados em segundo
plano. Entender esse contraste entre o papel histórico e a
representação cultural é essencial para uma visão mais completa da
Segunda Guerra Mundial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário